No silêncio

Ao me escutar em ninguém

Perdi as margens do que me limita

Em simples verdades que sempre incomodam.

Ao me dizerem ouvir do quem sou,

Desenterrei as torturas de tantos pesadelos

Deste estranho caráter que se criou na poesia.

Ao me ter saído de algum ventre

Não seria da mulher que me fez como filho

Mas da vida que cavalguei na solidão dos desertos

Ao me repartir em pedaços de alegrias,

Gerei novos amanheceres entre sorrisos e carícias,

No silêncio da minha única história que se fez com amor.

Ao me retirar agora para o descanso final

Escorrem pelas montanhas, cortando os vales até o mar,

Todas as minhas lágrimas choradas no silêncio.

Jaak Bosmans 5-10-10