FINDOU
 
Quando notei a escuridão,
Já era alta Madrugada.
Pensamento ainda em lentidão,
Os olhos quase não viam nada.
Ensurdecedor silêncio se fazia.
Nesta velha poltrona adormecia.
Ao acordar, me senti flutuar.
Soprou o vento mais intenso,
Anunciando a forte chuva que chegava.
Tentei levantar, mas não me movia,
Algo estava errado, não compreendia.
De repente o céu foi cortado, por um clarão barulhento,
A casa que outrora fora doce conhecida,
Pelo raio iluminada, parecia tão vazia,
Como poderia estar tão diferente,
Meu recanto abençoado e amado?
Com o barulho da chuva no telhado,
O pensamento se perdeu rapidamente,
Como se em nada conseguisse estar concentrado.
Algumas lembranças em flashes me perturbavam,
Não queria neles pensar, me machucavam...
Novamente tentei levantar,
Agora em pé, meu corpo sentado, eu via,
Perdi a noção do que sentia,
Já não sentia...
Incrédula olhando aquele corpo que jazia,
Tentei chorar, gritar, fugir do lugar,
Mas estava paralisada, petrificada.
A vida passou...
Será que num segundo?
Findou-se o meu mundo.
Durante quanto tempo não sei, continuei a observar...
A menina...
A casa...
A escuridão...
As sombras...
Nada fazia sentido...
Tudo guardado, tudo perdido,
Tudo acabado, tudo esquecido.
Voltei os olhos para o invólucro pálido, adormecido,
Há se ela soubesse que assim terminaria,
Provavelmente menos preocupada viveria...
Neste momento, nenhum sentimento o coração afligia.
Será que coração eu ainda tinha?
A cena foi se desbotando, amarelando...
Sendo esquecida e consumida...
O tempo que já não existia, também findou.
Nada restou para esta alma,
Que sem perceber voou com calma,
Para a luz que o céu iluminava.
Daquela mulher nada restou...
Talvez apenas lembranças no coração de quem a amou...
Será que alguém a amou?
   


Susely
Enviado por Susely em 18/10/2010
Reeditado em 22/10/2010
Código do texto: T2563124
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