canção da supernova
Soaroir 25/10/10


exercicio para o mote:
apressa-te, amor, que amanhã...



ultraja-me ter que viver
sem ti amor, uma vida inteira

- por quê? Indago ao universo
trago em mim tal logomarca
escura como as tendas de Kedar

apressa-te, amor, antes que amanhã
completamente - te tornes invisível...

 


imagem:Net



"CANÇÃO"
(Cecília Meireles, em Retrato Natural)


Não te fies do tempo nem da eternidade
que as nuvens me puxam pelos vestidos,
que os ventos me arrastam contra o meu desejo!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã eu morro e não te vejo!

Não demores tão longe, em lugar tão secreto,
nácar de silêncio que o mar comprime,
ó lábio, limite do instante absoluto!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã eu morro e não te escuto!

Aparece-me agora, que ainda reconheço
a anêmona aberta na tua face
e em redor dos muros o vento inimigo...
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã eu morro e não te digo...