Solidão primeira
Quiçá essa tarde prata
entregue ternura às horas curiosas
que habitam em mim
deixando-as mais calmas,
mais reais sobre algum verso esquecido,
pra depois refletir sobre esta
solidão primeira,
que grita nas ruas amargas
da vida que arde
igual vela perdida.
Nessa hora em que a luz
se afunila nas nuvens
e a sombra entorpece seus passos
à espera da noite,
tropeço de novo naquele passado
que volta teimoso à límpida lágrima
que esboço outra vez
na face surrada de mil solidões
no marco do jogo
que não ganharei.
De novo um sabor,
dilatado de agruras,
desaba penumbras,
cansadas de andar,
no fraco refúgio,
no qual faço ninho,
fugindo cansado
dessa solidão,
que foi a primeira
a expor a passagem
atalhando caminhos
na sofreguidão.