HÁ SEMPRE ALGUÉM LÁ

Não sei bem como acontece

a gente se reconhece,

numa simples intuição

e as mentes se unem no “não “

De onde vem e porque vem

esses fluídos amigos

queria saber

a propriedade de ver

muito além da retina

muito além das esquinas

dos bares, dos lares

ou de perto, muito quieto

muito esperto.

Há sempre alguém lá,

onde quer que a gente vá.

Alguém assim, alguém assado,

alguém malhado, alguém a fim

alguém molhado,

corpo e alma de tesão,

faminto de pão

e de verdade

carente

de justiça,

de malícia,

de polícia.

alguém assim como a gente.

Há sempre alguém lá,

onde quer que a gente vá.

Pode até nem saber

mas se conhecer

com certeza vai gostar

do fundo do mar

arco-íris furta-cor

de disco voador

representante do universo

do verso e do reverso

do boteco

do caneco de cerveja

da fineza

da Teresa

de alguns picos

de alguns poucos

de alguns loucos

Há sempre alguém lá,

onde quer que a gente vá.

Se a gente nunca está só,

por que a gente é tão só?

Se a gente nunca está só

por que a gente é só

solidão?

James Joyce mal falado

Nat sul americanizado

Viola, Violeta ...