NO CALOR DA SOLIDÃO
Na cama nu, eu me deito,
tentando amenisar-me do calor,
mas na madrugada o preito
sopra brisa em mim de dor.
Ai! Sou da carne a solidão,
sou a singular paixão,
que na noite quente ou fria
chora, sofre em demasia.
Quando não me reviro na cama,
reviro-me pelas desérticas ruas,
que no latido do cão que clama,
clama pelas brancas luas.
Conheci o acerbo manto,
manto negro que cobre a noite
que enxugava o meu pranto
das marcas do seu açoite.
Andando vou pelo sonho,
ou quando não pelas suas sendas,
faço-me companhia tristonho,
me encho também de contendas.
Agora, a madrugada é fria,
a brisa que me invade o leito
me deixa ávido da companhia
do teu amor onde me deito.
(YEHORAM)