Dialética do Verbo Ser

A vida se afoga no sono profundo da morte,

purificando o ser, no infinito esquecimento.

As auroras perecem nos dias à espera da noite

que também morrerá noutra aurora que nasce.

Qual o segredo do tempo?

Qual o segredo do ser?

Onde está a nascente deste rio que me leva?

Que rio é este que carrega saúde e doença,

misérias e riquezas, espadas e flores,

vida e morte, ao mesmo tempo?

Não adianta dormir!

Não adianta acordar!

O rio está sempre a correr

no sonho, na rua, na praça...

O rio me arrebata. Me toma.

Me leva com ele.

Agora, sou eu esse rio!

Sou fruto do tempo sem tempo

num momento fugaz

de ilusória existência

nestes dias... sempre mortais.

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