Sopro de Vida

Sou um sonho imenso

Um sentimento cego

dentro da noite escura.

Provenho da luz ou da sombra?

Oh, mistério informe!

Sou um rio,

sempre devorado pelo mar.

Âmago eterno ou simples carne

numa constante prece inútil?

Minha rota peregrina

sempre é a morte à procura do túmulo.

Meus sentimentos são um oceano

de melancolia no abismo.

Desejo ser muito mais

do que realmente tenho certeza de ser.

Esse eterno partir desgosta.

Cansa!

Peregrino de momentos

inundado de soluços e lamentos.

Vou escravo por um mito,

numa louca procissão,

atrás dum símbolo qualquer.

Sopro de vida que sou!

Ando procurando o quê?

Segredos, palavras,

céu, inferno, o quê?

Quiçá, seja eu esse Deus

só, assustado e louco.

Louco, de tanto tempo

e de sempre existir com dúvidas.

Essas, que só nós temos.

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