PARCERIA DA SOLIDÃO Elegia para um amor que Deus levou

A solidão é fera

A solidão devora

A vontade de viver;

As minhas entranhas;

O espírito que animava;

A nova vida que pulsava.

É amiga das horas

Prima irmã do tempo

Do tempo que se arrasta;

Das noites que não findam;

Das horas de angústia;

Do tempo de sofrer.

E faz nossos relógios

Caminharem lentos

Aprofundando abismos abissais;

Infindando as lembranças;

Torturando o corpo;

Esvaziando a alma.

Causando um descompasso

No meu coração

Um descompasso, um desacordo;

Entre o que vejo, mas não toco;

Entre o que toco e não sinto;

Entre a certeza e a dúvida;

Entre o real e o etéreo.

A solidão dos astros

Inúteis beijos cadentes no céu da boca.

A solidão da Lua

A face sempre iluminada de uma mulher menina.

A solidão da noite

Desconsolo no frio dossel.

A solidão da rua

A chuva forte na tarde fria esvaziando o asfalto e a calçada;

A busca vã de um amor que existe, mas, já não aquece o coração;

A chuva dos olhos em cascata a me rolar na face na hora da despedida.