Gueto

Quem me conhece profundamente

nada sabe verdadeiramente sobre mim

da consistência frágil de minha existência

dos medos que me assombram

madrugada adentro

das armadilhas emocionais que

povoam minhas esquinas

das erupções colossais de sentimentos

contraditórios

bons

ruins

humanos

de amor

de culpa

verdadeiros

sentimentos do mundo

nesse emaranhado de personagens e

numerosas faces.

que vivem a minha vida

num frenesi espetacular

em uma inquietação mórbida

brincando de faz de contas com

a minha alma

penso que nem tudo está perdido em mim

pois não preciso mais

esconder-me atrás de uma garrafa

de vinho barato

para justificar minhas ousadias

meus erros

minhas fraquezas

minhas mancadas

minhas inverdades

como uma borboleta

que volta pro casulo

eu volto ao meu gueto

enquanto observo o mundo

e vidas

desmoronando ao meu redor.

Erminio Rezende
Enviado por Erminio Rezende em 04/03/2011
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