CONCLAVE PASSIONAL
Co´a solidão amiga de outrora,
Ora brigamos, ora nos abraçamos,
Mas como dois sem vergonhas,
Com línguas cheia de peçonhas
Sempre um dia retornamos.
E agora, pois, se reunem aqui,
Para um conclave passional,
A solidão, a noite e o bocejar,
Para tua imagem a voejar
Na dor que nunca tem final.
E sinto lágrimas cadentes
Como estrelas, ranhuras no céu,
Goteja no âmago o teu nome
Cada letra que me consome
Não se escreve em papel.
A solidão falou quietude,
A quietude doi e é mortal,
Sinto a dor da minha liberdade
Ao correr co ´a saudade
Para o pranto sepulcral.
Não digo mais é meu corpo,
Digo um cadáver fétido sou,
Por fugaz alento que falta
Esta tristeza ressalta:
Será que um dia me amou?
Sou da solidão o seu cheiro,
Como olor da Dama da Noite,
Pelas solitárias ruas e frias
Nas manchas delas sombrias
Que marcam no peito açoite.
(YEHORAM)