PONTO "S"

A solidão afia a navalha na garganta

Como elevador parado no penúltimo andar

Ou tiro certeiro no meio do peito,

Com uma dor que dói sem nem sangrar

Ela se faz presente e constante.

A solidão seduz, prende e vicia

Regala-se dos sonhos e das ânsias.

Uma noite ela se veste de vermelho

Puta insana, alcoviteira, ela se pinta de luar

Nas têmporas uma gota de ausência

Pra o tolo incauto que a quiser beijar

A solidão súbita e voraz e traiçoeira

Sacode as ancas, balançando plumas sobre o leito nú

Prostituta dos desiludidos, medianeira

Trabalha a madrugada inteira sobre seus pesadelos...

(Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 2000)

Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 11/04/2011
Reeditado em 26/02/2012
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