Solitário

Um dia eu percebi a minha tão vital diferença

diferenciado estava pelo resto da Humanidade

amputei-me de toda e qualquer uma presença

dos companheiros de mundo e de mentalidade

Pela vastidão que foi minha pobre vida, eu me estudei

todas minhas faculdades mentais: as desenvolvi, usei

nos dias quando era extrema ousadia desenvolver-se

aquela mesma Humanidade, todas atrocidades disperse

E por isso fui um amputado do corpo da sociedade

por falar de toda a sua extrema mental volatilidade

fui jogado como carne estragada, triste e solitário

ganhando, na Terra, todo o desprezo como salário

Onde será que vou descansar a carne exposta, sanguinolenta?

Meus dois olhos ardem de tanta areia suja do vento que venta

e, mesmo assim, ninguém vem ver a minha tamanha desgraça

o mundo inteiro me sorri sarcástico e na minha dor acha graça

Enquanto fico na época onde recebia aqueles teus doces abraços

sem prever que um dia poderia estar cortando os meus antebraços

fico no fim, encarando a morte na porta, solitário em todos sentidos

com salgadas lágrimas na face, esses salários da morte, já recebidos

Ernani Blackheart
Enviado por Ernani Blackheart em 03/05/2011
Reeditado em 11/09/2014
Código do texto: T2946647
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