Lapsos de solidão

Às vezes eu escrevo coisas sem sentido

E não consigo parar

Às vezes simplesmente deixo de escrever por meses

E passo os dias me fazendo perguntas

Esperando respostas simples

Pequenas coisas que nunca alcançam à minha torre

São detalhes do cotidiano que me iludem e me chateiam

Pequenos piscares de olhos que me perturbam na escuridão do quarto

Flashes de coisas que não vivi, e lembranças que gostaria de ter

Sinto como se estivesse observando a mim mesmo

Num ciclo de lamentação e lapsos de memória

Um olhar para trás e lá estou eu

Aprisionado, impassível, lúcido

Só alguém que perdi no caminho

Que continua me seguindo e observando

Apalpando, agredindo, liquidando pensamentos

Transformando tudo em um amanhecer translucido e pesado

Um dia seguinte sem sentido

Onde a luz da manhã queima meus olhos

E a enxaqueca me impede de pedir desculpas

Olho no espelho e não me reconheço mais

Às vezes mal consigo me enxergar no nevoeiro

Às vezes a vertigem toma conta dos sentidos

Quero ver o que tem depois

Preciso despertar

Pergunto às paredes se posso abrir os olhos

A resposta é não

Sempre não...