Heloisa Armanni

Para falar de coisas lindas

Antes é preciso

Navegar por águas turvas.

Então, venho lhe falar

De tudo o que aflige a alma

Que vos escreve...

Digo que me liberto

Fecho os olhos e abro os braços

À frente, um abismo sem fim

À espera do pulo fatal.

Dou um suspiro e salto!

Lá embaixo, lembranças remotas

Lá em cima, talvez o medo de olhar para atrás...

Enquanto deixo meu corpo seguir a lei da gravidade,

Apenas sinto o vento cortar minha pele.

Olhos semi-cerrados

Cabeça flutuante,

Lágrimas que escorrem que maneira involuntária...

Aos poucos, filmes vão passando

E posso ver cada detalhe, de cada momento vivido.

As pontes, o violino triste

Entoando, no meio da noite sombria e gélida,

Canções de amargas os lábios.

O perfume suave das cartas

Escondidas no fundo da gaveta...

Os vestidos, as anáguas,

Os espartilhos apertando não só a pele

Mas a vontade de gritar por socorro...

Tudo passa de forma natural.

Um quê extra-sensorial.

O motivo mais que infindo

Para tão grandes amarras da alma!

Embora a brisa da madrugada

Gele meus pelos

No fundo, ouço vozes que me dizem

Para pular e esquecer de tudo!

Aos poucos, crio coragem e pulo!

Para esquecer das lágrimas

Para buscar uma nova chance de felicidade.

Quando os olhos se abrem, finalmente

Sei que as dores ainda permanecem.

Meio sem consciência, me pego

À procura de pessoas

E vejo que estou só!

Uma solitude que é pior

Do que quando haviam dores físicas.

Saio de mim e, agora não posso

E não consigo ser mais o que eu era.

Mas tive a chance de voltar

E fazer de forma diferente.

As lembranças... mesmo constantes

Hoje já atormentam bem menos.

As mágoas, refletidas nos olhares,

Ainda podem ser reconhecidas...

Mas, hoje são fantasiadas.

Tenho tudo o que posso querer:

Um amor de contos de fadas

Um trabalho que me alegra

O sorriso doce que vem me dar “bom dia”

Uma casa de boneca.

Mas, no fundo, a alma ainda dói.

Por quê?

Por que tantas lágrimas sufocadas no travesseiro?

Por que tantas melodias tristonhas,

Ao invés de uma lambada

Para mexer o esqueleto?

As lembranças ainda são fortes demais.

As lágrimas caem quase que involuntariamente.

Um nome ecoa nas veias:

Heloisa Armanni...

A beleza na pronúncia

A solidão na história vivida.

Somos duas e somos uma,

No caminho da liberdade

Do poder ecoar “socorro”!

Do sair e rodopiar

Do sentir com os olhos fechados.

Uma encobrindo a outra

Sentindo as mesmas sensações.

Mesmo através da ponte da vida.

Falar das emoções e sensações por ela, vividas

É tão simples como acordar, aurora afora...

Deveria ser mágico,

Mas não é!

Deveria ser especial,

Mas causa angústia!

Deveria ficar somente nas cartas e poemas,

Mas está em mim

E isso é concreto demais

Para permanecer às escondidas!

Hoje carrego outro nome,

Outro corpo e outra vida...

Mas a alma segue seu caminho

E o olhar... Ah! O olhar!...

É o mesmo pelo qual já buscou

Tudo o que lhe fizesse sentir felicidade.

À procura dela, sempre!...

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 06/07/2011
Código do texto: T3079739
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