AMOR EM DESCOMPASSO

Não desejo imolar minhas vontades

Nem amolar as garras de meus medos

Talvez apenas seguir sucintamente

Pelos caminhos do que me seja temporal

E ao atemporal deixo meu querer como legado

Pois sei não ter atingido o escopo de meu querer

E meu querer nem sempre está disponível a mim

Talvez eu seja mesmo um sujeito insípido por demais

Mas sei que em meu coração está você ínsita

E pelo tempo a corroer lentamente esse espaço

Noto a angústia da areia envolta pela ampulheta

E sou como o vácuo existente em todo o espaço

Tento loucamente focar-me em tua liberdade

Mas torno-me prisioneiro desse meu intento

Vã é a vontade de digerir essa ausência de ti

Como querer impedir o ciclo natural das coisas

Tenho que me centrar em minha sólida solidão

Nessa aurora boreal de meu gélido pólo pessoal

Mesmo ante a beleza infinda de tuas solenes cores

E entender esse amor mesmo que em descompasso

Indiferentes as minhas idiotas e incautas polissemias

Mas não há como arrancar de mim esse meu ciúme

Visceralmente acoplado a tudo que me lembre á ti

Num constante eco da necessidade de contigo interagir

Numa valsa solitária onde tropeço em meus próprios passos

E a orquestra é formada pelo silêncio dessa cruel distância

Dessa ânsia louca por um microssegundo de teu falar

De adentrar teu microcosmo até então fundir-se a ti

E assim criar através desse elo um novo e intimo universo

Leilson Leão
Enviado por Leilson Leão em 18/10/2011
Reeditado em 18/10/2011
Código do texto: T3284505
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