Sem atraso
O amor saiu cedo de casa
sem malas e sem endereço.
No bolso da camisa,
cigarros amassados e na alma,
retratos amarelos, marcados
de arrependimento.
II
Partiu num trem quase vazio,
sem atraso, às dez horas,
da Estação Central do Brasil.
III
Vivo noites sem luares;
a cama está mais larga,
o quarto escuro e vazio.
Na café da manhã,
seco as lágrimas
com panos de prato,
comprados na feira.
Fechados estão os bares,
meus olhos embriagados,
sem notícias e sem amor.