Sem atraso

O amor saiu cedo de casa

sem malas e sem endereço.

No bolso da camisa,

cigarros amassados e na alma,

retratos amarelos, marcados

de arrependimento.

II

Partiu num trem quase vazio,

sem atraso, às dez horas,

da Estação Central do Brasil.

III

Vivo noites sem luares;

a cama está mais larga,

o quarto escuro e vazio.

Na café da manhã,

seco as lágrimas

com panos de prato,

comprados na feira.

Fechados estão os bares,

meus olhos embriagados,

sem notícias e sem amor.

Raimundo Lonato
Enviado por Raimundo Lonato em 29/06/2012
Código do texto: T3750909
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