De volta ao Abismo da Solidão
No alento dessa escuridão,
Jogo minhas asas de calmo perdão,
Vou caindo abismo adentro,
Perdendo-me golpe a golpe,
Contra as paredes de pedras afiadas.
Meu sangue amargo goteja,
Como a primeira chuva
Após uma seca amaldiçoada.
Cobre toda a escuridão meiga
Que como mãe, acolhe minha alma negra.
Vela-me em teus braços frios,
Consola todo esse rio de tristeza,
Que como neblina de inverno,
Turva meus olhos desiludidos pela morte.
Irmã mais velha, que me estende a mão
Seu canto é singelo, negro, belo.
É o mesmo canto daquele amor.
Amor lôbrego, avassalador.
Que puxa minha alma desatinada,
As profundezas do abismo.
E mais uma vez eu desço,
Com um sorriso de desespero tristonho...
Mergulhando no canto obscuro...
Do meu eterno abismo da solidão!