Longa a noite, curto o sono...
O relógio marca a hora,
Já está a entardecer;
O cansaço não vai embora
Sem que a noite o faça adormecer.
Nefasto foi o longo dia
De incerto paradeiro...
Mas, mais longa a noite seria;
Cinzento pensamento num atoleiro!
Deixo cair a roupa no chão
Enquanto o lençol chama por mim;
Caio aos poucos na sua imensidão;
Que me embale como a um querubim!
Cerro pouco a pouco
As portas do meu olhar
E, barulho já não ouço,
A não ser o de meu respirar.
Eis senão quando,
Após saborear a mansuetude,
Meu esqueleto se vai desarticulando
Representando a minha inquietude!
Ah! Suspiro de um poltrão
De que se serve o sono...
Desconhecerá ele que seu dono
Tem a envergadura de um turbilhão?!
Aí, num agudo conclamar,
Revelo do poltrão a identidade,
E é o meu B.I. que me apraz mostrar.
Benevolente é este Ser
Que constitui o meu ego,
Mas, faço ecoar o meu enfurecer
Por desconhecer o sono;
Isso, não o nego.
Senda longa e escura
Traçada e medida por censura,
Esta noite ilustra a loucura,
Vagueando na mente pura
Que o sono não adormece com ternura!
Inquebrantável meu sofrimento;
Alígero de mais para mitigar,
Me cerra os olhos por um momento,
Dou por mim, e já estou a dormitar!?
Curto é o sono
Pois grande é o pensamento:
Mácula de uma turba sem dono;
Olhar hesitante e macilento.