Longa a noite, curto o sono...

O relógio marca a hora,

Já está a entardecer;

O cansaço não vai embora

Sem que a noite o faça adormecer.

Nefasto foi o longo dia

De incerto paradeiro...

Mas, mais longa a noite seria;

Cinzento pensamento num atoleiro!

Deixo cair a roupa no chão

Enquanto o lençol chama por mim;

Caio aos poucos na sua imensidão;

Que me embale como a um querubim!

Cerro pouco a pouco

As portas do meu olhar

E, barulho já não ouço,

A não ser o de meu respirar.

Eis senão quando,

Após saborear a mansuetude,

Meu esqueleto se vai desarticulando

Representando a minha inquietude!

Ah! Suspiro de um poltrão

De que se serve o sono...

Desconhecerá ele que seu dono

Tem a envergadura de um turbilhão?!

Aí, num agudo conclamar,

Revelo do poltrão a identidade,

E é o meu B.I. que me apraz mostrar.

Benevolente é este Ser

Que constitui o meu ego,

Mas, faço ecoar o meu enfurecer

Por desconhecer o sono;

Isso, não o nego.

Senda longa e escura

Traçada e medida por censura,

Esta noite ilustra a loucura,

Vagueando na mente pura

Que o sono não adormece com ternura!

Inquebrantável meu sofrimento;

Alígero de mais para mitigar,

Me cerra os olhos por um momento,

Dou por mim, e já estou a dormitar!?

Curto é o sono

Pois grande é o pensamento:

Mácula de uma turba sem dono;

Olhar hesitante e macilento.

artescrita
Enviado por artescrita em 28/02/2007
Código do texto: T396101