Confissões de Abril
Qualquer folha rasgada já me serve de consolo
Desse meu tal desconforto que é não sentir
Logo eu... que por tanto fui coração
Hoje, mal sei se também há razão
É de um vazio imensurável essa minha andança
Que traz consigo decimais de esperança
Esperança que aos poucos se vai pelos olhos a borrar
E cai, como qualquer outra, no banheiro do bar
Veja bem, não é por tristeza que choro, nem saudade
Acho que nem sei o porquê
Ou talvez a esperança que me deságua, não seja ela
Seja eu, despedindo-me de mim
E na solidão sentimental, há ínterins de sanidade,
Que me paira essa ideia maluca de que não estou assim,
Nunca fui, mas agora, sou e serei
Sou eu, sozinha, sou só.
Logo dou de ombros à toda essa maluquice banal
Deixo a folha de lado e pego a do trabalho
Prometendo, em pleno Abril,
Que ano que vem, hei de dar espaço à mim de novo.