O Último Canto de um Anti-Herói

Hoje eu quero ficar só.

Não quero ninguém por aqui.

Pra que eu possa caminhar tranqüilo pelas praias desertas,

Imunes e virgens que em minha mente hão de surgir.

Hoje quero a poesia muda.

Quero mesmo que todos se calem.

Pra que a brisa possa gritar sem concorrentes nos meus ouvidos

E entender as metáforas das árvores antes que elas acabem.

Hoje quero ser cético.

E, assim, poder vagar.

Pra que eu nem perceba a aurora do choro celeste.

E não veja quando em realidade minha quimera se transformar.

Hoje quero ser sincero e só.

Sentir-me eu. Sem nenhum nó

Que possa me prender ao que devo dizer, fazer... Ao compromisso com a humanidade.

Pra que eu possa, quieto, assistir ao fim do mundo e sentir um pouco de dó e piedade.