Abrigo solidão...
Hoje me reservo com os meus pecados num abrigo distante chamado solidão. Entrego-me ao desespero por não ter meus sonhos, e saber que foram roubados pela mente desumana de uma sociedade indígena.
Meu dia será daqueles que irá se construir com um livro, um vinho e mais ninguém! Um dia fechado, lacrado, sepultado para qualquer alma. Hoje existo apenas eu dentro de mim.
O silêncio será meu melhor assunto para qualquer poesia que eu resolver escrever hoje. Não quero mulheres, nem os seus seios. Quero o abandono completo proposto pela minha depressão...
Hoje é um dia em que não sou poeta, não sou Deus, muito menos irmão. Sou clérigo sem respeito, um curioso sem perdão!
Em meio ao relento, não quero ouvir nenhuma canção... deixo-as por conta dos pássaros e cigarras, perdidos como eu na estrada amarga dessa ilusão. São tão toscos como eu.
O que me adianta viver do infortúnio... do abstrato... do teu corpo sagrado?
Não sinto o sangue lavar a minha alma, mas sim escorrer pela minha garganta. Estaria eu já condenado?
Meus pensamentos ganham formas quando estou assim, como estou hoje. Como posso dizer: “Depressado”!
Depressado é a minha forma de espírito, um homem em depressão apressado por chegar ao fim desse sentimento, que me absorve em resumos de agonias e timidez.
Estou depressado contra a lua e suas fases. Tua luz hoje não me acrescenta lutas e tuas fases só me causam dor...
Meu abrigo se fará de vácuo nas escoras do tempo e de qualquer razão.
Hoje não sou ninguém... Hoje me reservo em abrigo solidão.