Praça da Sé

Em São Paulo a vida parece ser sempre bela

Mas nem tudo é como exibem na tela

A Praça da Sé é a loucura da miséria

Ali estão pessoas comuns condenadas ao abandono

No centro da cidade cada palmo de rua tem um dono

Para ele a lua é seu teto, e a rua seu eterno lar.

Dormindo no chão como é possível sonhar?

Ele anda por aí sem rumo, um verdadeiro espectro humano.

Invisível aos olhos do Estado e daqueles quem estão passeando

A Praça da Sé é sobrevivência diária, cada um na sua luta.

É a realidade nua e crua, sem cortes nem censura.

Deitado na porta da Catedral da Sé ele tremia de frio

Incomodando os turistas foi retirado pelo guarda civil

Na Praça da Sé a margem da sociedade na loucura da miséria

Limpa um para-brisa pra ganhar mais alguns trocados

Cheira uma cola para esquentar antes de engraxar um sapato

Parado em frente à vitrine sua mente começa viajar

O silencio é interrompido pelo estomago que não para de roncar

Enquanto estiver ali famélico e inofensivo está tudo normal

Mas se cometer um assalto, aí é preciso abaixar a maioridade penal.

Uma criança que cresce no descaso e num ambiente violento

Vai ser tornar adulto com quais sentimentos?

Um moleque com um revolver pode destruir uma vida

Os políticos com uma caneta destroem milhares todos os dias

Os meninos e meninas de rua roubam sim, mas é bem menos.

Do que os bancos, a polícia e o Governo.

O que a sociedade precisa, mas não consegue entender.

É que estes seres humanos não têm nada a perder

Não se importam se serão 5 ou 25 anos de pena sofrida

O quer querem é terem as suas necessidades básicas supridas

O Brasil é uma potência econômica veem os especialistas

Acreditam que o poder de consumo está no bolsa família

Pelas calçadas de São Paulo ele carrega uma alma desiludida

Vê suas esperanças frustradas, sente vida e sua barriga vazia.

Fico pensando no valor destes seres humanos tratados como bicho

Um prato de comida, uma cachaça. Sonhar com o futuro ali é isso

Pela Praça da Sé ele caminha, como um zumbi enrolado no cobertor.

Ele encontra nas drogas o único anestésico pro seu desamor

E quando ele se aproxima de alguém o medo é estampado no olhar

Mas se ele for queimado vivo, não vai gerar nenhuma revolta popular.

Seu Deus não está no céu, e sim naquele pai com presente pro filho.

Nunca ouviu eu te amo, sua família são seus companheiros de martírio.

No meio da Praça da Sé ele sobrevive à loucura da miséria

Faz um corre aqui e ali sempre atrás de umas moedas

E quem não está na sua condição não sabe o valor que têm elas

Aos 12 anos ele já tem consciência que a vida não é assim tão bela...

Como apresentam as propagandas como mostram nas novelas

Focaliza bem a foto pro menino de rua não sair de paisagem

A pobreza em São Paulo já se tornou selo pra postagem

Cada pessoa ali possui uma história, um caso diferente.

Mas pro Estado e para nós não passam de meros indigentes

Quem usa o diploma como lençol no chão

Vive num mundo paralelo ao nosso cheio de discriminação

FaBinhO Endecha Veraz
Enviado por FaBinhO Endecha Veraz em 13/08/2013
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