Andarilho.

Não me pergunte de onde eu venho,

Nem queira saber para onde eu vou,

Eu ando sem parar desde o tempo,

Em que meu pensamento se conscientizou,

Ando, ando, ando, porque andarilho eu sou,

Meu solado já descolou da bota,

Meu chapéu desbotou no sol,

Meu pé se desgasta no solo,

Nesta terra que me criou,

O meu teto é coberto de estrelas,

Meu cobertor é de capim,

Meu chuveiro é a cachoeira,

E de vez em quando a chuva passageira,

Que cai sem avisar, na estrada que não quer acabar,

Sou andarilho, não me pergunte o porquê,

Só Lembro-me que á muito tempo,

Comecei a andar,

E desde então, meus pés não conseguem parar,

Eu sigo andando e vou assim,

Se um dia sentires saudades minha,

Na estrada pergunte por mim,

Pois o horizonte é minha morada,

Minha jornada sem fim...