Sempre o silêncio

A fogueira crepita na imensidão da noite

Pedaços de chamas se espalham trazendo o calor para perto

Um alento nessa madrugada tão fria

Onde o céu forrado de estrelas se espalha abraçando a terra

Sinto que não estou sozinho

Encaro minha insignificância diante da floresta

É chegada a hora de olhar para trás

De pensar em tudo o que passou

E em como nós nos perdemos da trilha

O fio entre um lado e o outro é tão tênue

Nas fronteiras da vida nós nos desencontramos

O seu olhar escuro e intenso

O brilho dos seus cabelos tão pálidos na luz do fogo

É como se você ainda estive aqui

A imaterialidade de uma presença quase visível

E eu sinto sua falta como nunca

Mas sigo movido por um estranho desejo

Uma inexplicável necessidade de movimento

Uma voz que me chama através da noite

Talvez seja apenas você me procurando do outro lado

Mas eu não consigo atravessar

Corro pela floresta e não te alcanço

É como um castigo por nossos erros

Nós nos vemos e não nos alcançamos

O fogo se apaga em um silêncio dolorido

O cansaço pesa como nunca, as lágrimas escorrem livremente

Você se vai novamente no frio da noite

Sinto o calor indo embora

Sua doce voz se esvai na escuridão

Já não te ouço mais

Ouço somente o silêncio dentro de mim

Sempre o silêncio