Em um bolso
Depois de voltar da rua pela noite,
Pela madrugada eu me perdi.
Achei-me pelo amanhecer do sol,
E me lembrei do pequeno papel no meu bolso.
Estava dizendo: “Pra cada sol, uma lua;
Para cada você eu sou sua.”
Eu, um homem desapegado as coisas,
joguei fora no lixo.
Depois de um tempo,
Achei-me pela madrugada.
Perdi-me pelo amanhecer do sol,
E me lembrei do pequeno papel que desperdicei.
Eu, um homem desapegado,
Apeguei-me as palavras e me arrependi.
Acanhei-me e não quis mais falar,
As palavras foram proibidas.
Cala mundo,
Cala lixo,
Cala bolso.
Calabouço foi onde eu me prendi.
As palavras desapareceram,
Mas os sentimentos não.
Aquele sentimento de ter perdido um alguém na minha vida,
Foi embora no lixo e ficou junto em mim.
No papel.
Nas palavras.
E eu no calabouço.