PRECE EM SI

Eis me aqui então somente, palhaço sem máscara,
despido das vestes, rosto sem tinta e sem graça.
Em permanente alegria que veste de riso a farsa,
a esconder latente tristeza sem razão aparente.
Mas, que encobre a dor que se faz permanente,
em morada efetiva de um peito que jaz carente.
 
Coração que trepida a lançar-se em livre queda,
deixando o chão fugir sobre os próprios pés,
desejo de tocar as nuvens, alçando-se aos céus.
 
No rosto o sopro de vento em toque lírico...
Infelizmente distante se faz o alcance.
Pois, são simples sonhos em asas de Ícaro!
 
Um lampejo de essência liberta,
me arremata à vontade a impulsionar.
Verdejante vereda florida, clareira com sombra e perfume,
ou na alva e clara areia com brisa de vida, de fronte ao mar.
As narinas preenchem-se com o aroma inebriante,
repletos de sonhos em poesias livres no ar...
 
Sendo essas estradas somente linhas,
são frases e versos em simples folhas
amassadas de frágil papel.
Que se perdem na imensidão escura
dos profundos olhos cor de noturno céu.
Porém se tornam eternas quando,
são ditas em prece pelos lábios escarlates...
da doce boca com sabor de mel!