SOMENTE LUZES ARTIFICIAIS



É de manhã, não tem sol,
E até os pingos da chuva
Que ontem caiu,
Ainda estão sobre a terra
De um dia cinzento,
De uma saudade maior.
Há tanta pressa de chegar
Mas nem se sabe aonde!
E a distância, ah! A distância,
Nem pode ser maior
Do que essa saudade que às vezes
Sangra no peito, e a gente precisa fingir,
Fingir um sorriso que nem vem da alma,
Só para disfarçar, já que a dor é só nossa.
É de manhã...
Um vento frio nos envolve o corpo
E nos falta um abraço para aquecê-lo.
A solidão chega a doer n’alma...
Lá fora, ainda gotejam lágrimas do céu;
E aqui dentro, só brilham luzes artificiais.