APRENDI A SER SÓ.
APRENDI A SER SÓ.
A noite acorda-me como se dia fosse
A boca detém salivas de sabor agridoce
Minha nudez espreguiça o esqueleto
Acedo aos desejos do estomago insurreto
E unto-me, covarde condenado ao último desejo.
Preparo-me para os sofismas da existência
Nos palimpsestos rabiscados da voz que gaguejo
O fluxo mental quer encontrar uma ciência
Para a dor de não ter um cúmplice confidente.
Aprendi a ser só, egoísta de mim mesmo!
Sem essa tal dó de atirar verbo a esmo
Às paredes que rebatem ao ouvido penitente.
As pessoas se preocupam com o que não têm
E esquecem-se do que têm,...
É-me suficiente o abraço de todas as solidões
Pois palavras que não são traduzidas em ações
Faz o apedeuta pensar que é intelectual...
Vivem com seus sensos mórbidos de amor ao ódio
Fazem da verdade, novela sem próximo episódio
E se afogam na vaidade de seu caráter virtual.
Hás de enxergar a felicidade, inda que de porta fechada
Isso é arte! E a arte, é a lógica do irracional.
À noite a sensibilidade aflora mais debochada
Pois a libido quer-nos em harmonia com esse bem social
De que forma for, as letras farão uma faxina na vida
E somente os sós, garis da escuridão, nefelibatas
Gozarão sem tédio, do prazer de se drogar nessa bebida
Visto que o dia virá sarcástico,... Com os sons sociopatas.
CHICO DE ARRUDA.