- Sozinho... Sozinho... Sozinho... Sussurra o vento em meu ouvido.

Ironicamente esse vento sai de um ventilador, o mais solitário dos objetos.

- Sozinho... Sozinho... Sozinho... Debocha o ventilador em tom satírico,

Como se houvesse finalmente encontrado alguem, ou o que resta se alguem, tão Sozinho quanto seu zumbido sinistro.

Eu poderia o desligar,

Mas depois de um tempo começamos a conversar...

Falar da vida...

Dentre todas as queixas que soltavamos, ele me contou essa:

- A vida é ingrata comigo. Dos objetos domésticos sou o mais só.

Veja o sofá, tem sempre almofadas, a cama também. A geladeira possui uma infinidade de alimentos no seu interior para lhe fazer companhia; o fogão tem logo 4 bocas e a TV é irmã do radio que fica que logo abaixo... Só eu que sou sozinho aqui nessa vida...

Eu logo lhe respondi:

- Isso não é nada amigo... O pior é ter alguém e mesmo assim ser só.