Velório

À quem se deve

Tamanha ousadia

De adentrar em meus planos e atear fogo?

Arreganhar o passado e planta-lo no já?

Há pontes transportando os caminhos

Para lá e para cá

Sem saber onde pousar

Esmiuçando o pensamento

Jogando fora o resto que compunha algum alguém

Intermináveis pergaminhos emoldurados na parede

Há paredes pra todos os lados

Não há saída, somente histórias que permitem à estrutura sustentação

Me olhe no profundo de onde me roubou e recupere meu lugar

E que venha abaixo

A alegoria passa e acena pra multidão

Passos ensaiados e calculados enganam e pregam peças aos espectadores

Tudo esta bem - dizia o dono das rédeas

À quem se deve esse assalto

De cara lavada e peito de aço?

Quem morreu foi eu

Intermináveis descaminhos

Alimentam a síndrome da terra do nunca

Ressecam a boca com palavras não mais de verdade

E engole a seco a real maneira de se atormentar

A real maneira de se fazer ascender

Quem morreu foi eu

Peter Dahn
Enviado por Peter Dahn em 31/10/2014
Código do texto: T5017937
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