à cabeceira
o som dissolve-se
na neblina
para aspirar
as tragédias,
e de tanto
ficou guardado
um grito tímido
que ecoa entre
a via láctea
e o esôfago
palavras
de entoações serenas
a gorgolejar no bico
de pássaros noturnos
agraciam-me e invadem
em alvoroço
os ouvidos dos gatos
há certa graça também
nos peixes lunares
dançando em
seus oceanos de vidro
enquanto faço do quarto
o mundo
e os lençóis
embalam tempestades
de uma constelação
longínqua,
o tique-taque
do relógio denuncia
nos detalhes que atravessam
o silêncio
é que nascem as asas.