à cabeceira

o som dissolve-se

na neblina

para aspirar

as tragédias,

e de tanto

ficou guardado

um grito tímido

que ecoa entre

a via láctea

e o esôfago

palavras

de entoações serenas

a gorgolejar no bico

de pássaros noturnos

agraciam-me e invadem

em alvoroço

os ouvidos dos gatos

há certa graça também

nos peixes lunares

dançando em

seus oceanos de vidro

enquanto faço do quarto

o mundo

e os lençóis

embalam tempestades

de uma constelação

longínqua,

o tique-taque

do relógio denuncia

nos detalhes que atravessam

o silêncio

é que nascem as asas.

Mariana F
Enviado por Mariana F em 18/12/2014
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