Desaceleração

-Onde senão aqui? Agora?

-Não.

-Não agora.

Fico com o tempo

descompassado

do próprio tempo

Descuriosa de tuas novas

Guardo-me como quem

guarda palavras indizíveis

Mergulho em sombras

macias que reluzem à solidão

Alimento-me do que ainda

não foi tragado por tuas entranhas

Restos que deveriam ser o todo

Atravesso a grande casa

Incólume

Equilibrando-me no feixe invisível

que nos liga até o fim

Nasço quando puder

Como pássaro que tarda a romper a casca.

Mariana F
Enviado por Mariana F em 18/12/2014
Código do texto: T5074236
Classificação de conteúdo: seguro