Desaceleração
-Onde senão aqui? Agora?
-Não.
-Não agora.
Fico com o tempo
descompassado
do próprio tempo
Descuriosa de tuas novas
Guardo-me como quem
guarda palavras indizíveis
Mergulho em sombras
macias que reluzem à solidão
Alimento-me do que ainda
não foi tragado por tuas entranhas
Restos que deveriam ser o todo
Atravesso a grande casa
Incólume
Equilibrando-me no feixe invisível
que nos liga até o fim
Nasço quando puder
Como pássaro que tarda a romper a casca.