Eu, o mendigo da bahia

Luzes

Câmaras

Ação

Do sujeito eu,

Predicado declamado

Posto aqui afadigado

Embrulhado de frio

Sozinho e frustrado.

Com o cigarro mais encardido, velho, já em desuso

Fumando os dias esquecidos

Enrolados no sentido da vida

Aspiro, o fumo, tosse precoce

Expiro, prodígios, bom era se assim fosse

Expiro, o fumo, e preencho o céu

E o ponho em guerra de tosse

O céu tosse?

Bom era se assim fosse

Nuvens negras trovoadas precoces.

Ainda, estou em uma de ser mendigo

Aqui, na cidade, na foz da estrada da Bahia

Defronte ao banco nacional

Sentado no lancil

Ouvindo as luzes falhando

O vácuo da minha vida.

Botado no cheiro malfeitor dos esgotos desta cidade

Aqui, no Angola quer mudar

Temo a chegada da noite, porque não tenho onde me

abrigar

Quando o escuro traz o sono a sobrevoar

Tento dormir, mas

Carros roubam-me o protagonismo

Até de sonhar tenho pavor

Para o mundo de se ter apenas a solidão como abrigo

Frio como coberta

Escuro como amigo

E a ignorância dos homens como conforto

No sem nada também a patriotismo.

O Joaquim da esquina mesmo a esquinar,

As noites cantam alto

Fez-me despertar

Camas públicas cada uma com o seu mendigo

Só tenho o meu papelão

E a minha existência como amigo

Faróis dos carros peregrinos

Iluminam a minha existência esquecida.

Ao longe, no ali, vejo o meu sonho

Perdendo-se no horizonte da noite

Dessa que não durmo

Sonho logo após as madrugadas,

no clarear do dia

Eu, o mendigo da Bahia!

Miranda JP Mateus

Miranda JP
Enviado por Miranda JP em 21/04/2015
Reeditado em 12/10/2022
Código do texto: T5214605
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