MARASMO

MARASMO – Ciro Veras 12/06/2015

Ele morreu de tanto

Esperar que acontecesse

Deixando esvair-se a vida

A querer que ela viesse

Lhe mostrar que é pra viver

Que a vida acontece

Só falou de desencanto

De pranto e do desamor

Nada que enternecesse

Sem entoar nem um canto

Nem o mais tétrico acalanto

Pra que feliz combalisse

Ele viveu em um breu

Nos porões da maledicência

Destilando todo o seu fel

No marasmo da incongruência

Distribuindo lamúrias

Tornou-se um ícone da indecência

Morrendo assim disse que viveu

Passando a perna no melhor amigo

Traindo a mulher que falou que amou

Desprezando seus filhos, seu pai, seu avô

E no seu velório pouca gente foi

Mas muitas carpideiras lá compareceram

A chorar de horror!

Ciro Veras
Enviado por Ciro Veras em 25/06/2015
Código do texto: T5289159
Classificação de conteúdo: seguro