Neblina
Eis que o frio tomou minhas noites
E uma névoa rodeada de medos eternos se fez presente em minha mente
O gole seco, o trago que arranha a garganta
Aquele que continua mais uma vez nessa vida medíocre
Onde o sol poente em tons avermelhados o banha com suas lamúrias
Árvores antigas antes ululantes
O vento agora mal toca suas folhas
Arrancadas pelas asas de pássaros mortos
Alimento à vermes inferiores que rondam o solo
O vazio sentimento que tomou meu peito
Reinou por todo esse cômodo inóspito de mentiras contadas em meus ouvidos
O grito que ouviste no vácuo
Nada mais importa
Quando a humanidade se tornou surda aos clamores alheios
E apenas Tua Imagem faz sentido neste espelho mágico de blasfêmias
Pensas que deus lhe deixou à sorte
Que satan nada mais é que um mito para não te sentires sozinho
Que anjos, demônios, almas caridosas
São contos ditos desde sua infância para não te sentires triste
E que a verdade que ronda teu mundo
Nada mais é que mentiras bem contadas
Não há sentido em nada
Então pare de procurar por algum
Aceites teus dias imundos
E morra com a decência dada aos nobres de coração
O hino fúnebre toca na vitrola
Sentes tuas mãos pesadas
Horrores formados por tentáculos de angústias em teu pescoço
O sopro da morte à tua nuca
Sinta-te fraco
Cave tua cova