A dama na água

À beira do rio, olhava-se

Vendo o próprio reflexo, admirava-se

Com os cabelos caídos e molhados, lembrara-se

"-Quem há de não me amar?", um dia perguntara

A resposta veio dura, rápida

Num dia de felicidade, sua alma amargara

Quem lhe jurou amor lhe deixara largada, sozinha e

abandonada

Sem amor, ela apenas chorou

E com o choro se chocou

E sem alguém para lhe segurar, desabou

E, como se por perversidade, aquele vazio perpetuou

Vendo-se quebrada

Sem vida, sem nada

Com uma alternativa, viu-se tentada

A água lhe chamara

O negrume era acolhedor, achava

O fundo e a dor no peito foram apenas borrões

Em meio aos turbilhões

Que outrora o seu amor, que jurou amá-la, fizera ao dá-la aos tubarões

E matar a sua alma como se fosse só isso, e mais nada

Bruno Sheen
Enviado por Bruno Sheen em 06/08/2015
Código do texto: T5337370
Classificação de conteúdo: seguro