Desabafo. Sexta-feira, 00:33

Feche teus olhos, pequena. E lentamente, quase como num processo inverso a este, abra tua mente. Imagina-te num outro lugar, num mundo que quiseres, em que tudo pode ser nada e nada talvez seja mais do que o suficiente. O que imaginou? Saiba que eu nem bem posso fechar meus olhos. O escuro que me adentra é tão profundo, tão cruel, que corrói toda a possibilidade de sonho. Eu enfraqueco-me de mim. Em mim e por mim. Sou sempre o mesmo e mesmo assim, nem sei quem sou. Nunca soube e talvez nunca saiba. Mas de que me importa o saber se nada saberei o que fazer? Se tens paus e pedras e queres fogo, de que adianta tê-los se não sabes o que fazer com eles? Seria tão inútil quanto saber fazê-lo e não poder achar paus e pedras. Esse sou eu. Tenho todo o material da vida em minhas mãos, mas não sei o que fazer com tanta responsabilidade. Fosse deus e encontraria solução. Mas sou mero mortal, reles e inútil - como deveria de ser. Acanho-me em medos que nem tinha, mas que ousei criar apenas para me calar. É noite. Tenho que deitar-me. É hora de fingir que tenho a consciência limpa e que não me preocupo com o amanhã. O sonhos fecha meus olhos lentamente. E minha mente, no mesmo ritmo, vai sendo aberta. Vejo um mundo. É como este, mas eu... Eu não sou igual. Lá, sei ser feliz. Lá, eu vivo em paz.

um poeta da noite
Enviado por um poeta da noite em 08/08/2015
Reeditado em 15/07/2020
Código do texto: T5339489
Classificação de conteúdo: seguro