voo solo, logo, existo

Essa renhida luta entre pagamento e prazo,

Não deriva do tempo, mas, de quanto prezo;

Devaneio, te amo, refaço o devaneio, repriso,

Essa pele deformada como se fosse leproso,

É pela marca do desamor, esse louco intruso...

O sabor da ida uva ainda adormece na passa,

A verdura da esperança, sim, às vezes cessa;

Cansei de ensinar padre como rezar sua missa,

Digo lembrar-te como me podes tirar da fossa,

Anseio que não aborto nem que a vaca tussa...

Amor desamado é campo privado de pasto,

Vira-latas vadio sobrevivendo de qualquer resto;

Viver é forçar a barra, não moro, mas, só existo,

Sobrevivo, não há jeito, mas, pergunte se gosto,

Qual lobo à lua, uivo ao fado acusando de injusto...

Existir é módico e fraco, viver que é bambam,

Não me convence qualquer outro, nhém nhém;

Ou a vida é uma festa, calor, eterno tim tim,

Tendo a gata sonhada no ombro fazendo ronron,

Ou, teremos certa marca de sola no bumbum...