Jack sem Daniels
Eu queria estar bebada.
A sobriedade tem
acabado com meu fígado.
Eu escuto os sinais
do meu cerebro.
Fui salva por um homem
muito grato.
Lutei pra não ser molestada
por um ato precipitado.
O medo da solidão
é claro.
Eu sinto sua respiração
entrelaçando minha mão.
Eu preencho o vazio
com pensamentos da escuridão,
e chego num local
quase desabitado
toda madrugada.
Eu deveria dormir e me poupar
de outro lugar.
Eu deveria me proteger
ao invés de escrever.
Talvez o medo
me deixe ser corajosa,
e não tão monótona.
Talvez seja mesmo
sempre a hora.
Porque a vida podia
ter me sido retirada
por aquele motoqueiro.
Eu podia ter segurado
o mosteiro.
Mas então eu encaro
meus fantasmas,
porque eles acordam
de madrugada,
e o medo vai embora.