Fantasmas Aquáticos
Eu me despeço de tempos em tempos,
como fantasmas comprimidos,
retornando quando sinto saudades
pois tento encontrar meu lugar,
e não existe um rio que continue o mesmo,
talvez não seja em noitadas descabeladas
onde me sinta salva.
Eu cometo o mesmo erro
um milhão de vezes
pelo prazer instantâneo,
são apenas corpos momentâneos,
e corro deles
com máxima velocidade...
Amedrontada de contar
que em tudo vejo poesia,
costumam me repudiar
quando, a profundidade da minha alma,
lhes é permitida enxergar.
Eu entendo que essa é a vida,
que a dor é um mal necessário
pra restringirmos ordinários por ordinários.
Alguém que se importe,
alguém que vibre minhas cordas
pelas idiotices sem sentido,
alguém que possa compartilhar corações quebrados,
com mentes contorcidas
e apoiarmos ombro em ombro
pra dormirmos em paz.
Nós não somos descartavéis.
Somos apenas fantasmas
fantasmagóricos,
esquecidos por aqueles
que consideramos amigos,
acordando cedo numa manhã de domingo,
escrevendo pra me decifrar.
Acordando cedo numa manhã de domingo,
um pouco melancólica
pra descobrir o motivo especifico -
sendo talvez por me ecoarem
em labirintos desinibidos,
enquanto me permito ecoar
pelos rios de oceanos perdidos.