Anatomia da solidão

Tatuei no tempo

todas as marcas onde

desenhei um momento

seguinte

disperso no passado

circunstancial ao lugar

imergindo flagrante em todas

as marés onde ocorro

pra tuas lágrimas enxugar

Rebusquei nos austeros dias

um momento de inspiração

onde me refaço a cada alvorecer

promulgando cantos de liberdade

onde por fim me ausento e embebedo

até a saudade se calar

inteira

prostrada

Em actos condimentados

de poesia em celebração

sei que valeu a pena

quando invadi tuas

existências ancoradas

a estas latejantes palavras

assomando até ao altar

dos céus mais longínquos

enfeitando-nos o tempo

que nos separa contíguo

ao preciso momento onde nos

instigamos ao amor proliferando

assim tão exíguo

Pelos sulcos desta vida

feita de despedidas

acendo todas as lamparinas

da esperança que nas

veias reacende e guia

cada chama que restou em nós

cada eco aludido em vão

ou breve rumor acometido

e visionado no instante

que se apressa em celebração

Assim me abrigo nos teus

prantos

e depois mergulho em todos

os silêncios exactos

patrocinando a esta simples

página de vida

todo o desbravar dos teus horizontes

onde lavro a anatomia da solidão

Por fim até o céu se embeleza sublime

na expectativa mensageira dos ventos

onde mesclamos os tempos

ali vagando unânimes

alimentando a gratidão

e as sílabas em delícias subtilmente

ancoradas no calendário da nossa

exacta monotonia

vestida a rigôr

monitorando o tempo e cada espera

que desespera em sincronia

FC

Frederico de Castro
Enviado por Frederico de Castro em 11/12/2015
Reeditado em 11/12/2015
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