Chuva de inverno

Numa casa de campo vivia.

Na sala sempre gostou de estar,

E um candelabro do teto pendia.

Um livro em mãos,

Aquele que já cansou de estudar...

No telhado velho, batia forte

A chuva no mês de junho...

Anunciando o inverno chegante.

Os pés no chão frio.

Cabelos presos, noite escura.

Sombras pavorosas.

Com gritos de alegria a contradiziam.

Ao longe, gritos de alegria...

Música.

E alegria.

Acompanhavam o ritmo da chuva:

O pingar na pia da cozinha vazia,

O ranger da velha cadeira de balanço,

O bater das janelas entreabertas...

No livro dizia

"Os trilhos de Viena foram construídos

[mesmo antes de saber se um dia

[o trem passaria por lá."

A contradição

Para alguém que cansou de esperar..

Tão pobre senhora,

Tão velha,

Tão santa,

Tão pobre e medrosa.

Pobre senhora que procurou.

"Arrepender-se é o passado

[a impedindo de viver o presente"

Sempre as palavras do livro seguiu,

Mesmo sem nunca entendê-lo.

Pobre senhora que tenta entender!

A vida não é para ser entendida,

A ela basta ser vivida!

Pobre senhora perturbada pela chuva intensa de Junho...

Sabrina Vieira
Enviado por Sabrina Vieira em 01/07/2007
Reeditado em 06/10/2012
Código do texto: T548077
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