Solidão

Este quarto, solitário e frio

é a escuridão que abriga minha alma.

É a herança dos dias chuvosos,

dos dias sem vida.

Daqui contemplo a janela:

"o tempo é indivisível", dizia o poeta.

Ele não volta. Não pára.

E aqui continuo, sozinho.

Em meu leito de morte.

Agora, nem mesmo a lembrança

a amiga dos dias enfermos,

me acompanha.

Como amigos, apenas as baratas pelo chão,

os temores de infância.

Quem foi o ser cruel

a ponto de me fazer sofrer esse inferno?

Não há mais luz

para onde caminhar.