Preenchendo o vazio

É gélido, as correntes frias batem

nas paredes distantes

Fatigam meu corpo esses fluxos

de pesares cortantes

Não há uma mísera luz, mas não

tenho medo da escuridão

Já não é um ambiente estranho,

apesar da sua imensidão

O vasto e demasiado vazio por

tempos foi imaculado

Em trechos da vida a lacuna, este

oco áspero, foi ignorado

A última excitação do meu mundo

já se faz um bom período

De natureza efêmera e

perturbadora, foi bem vívido

Ao acordar vejo que não temos

mais o tempo que passou

Saudoso Renato Russo, pano de

fundo para mim que amou

Com essa taça de vinho saúdo um

brinde a minha pessoa

Canções de Iglesias, mesmo em

meio ao breu propicia que eu voa

A tocante tristeza ganha outra

face ao ser banhada em vinho

Ela se torna interessante, estímulo

à arte poética, eis divino

Tenho saudades daqueles lábios

de pêssego tão apetecíveis

Só de devanear atiça minha libido

por serem irresistíveis

Contento-me com os impulsos

íntimos em estado de sobejo

Presentes em fortes memórias

resultando em um doce desejo

Este vazio, o vinho e a boa música

é a única realidade que há

Na ausência de algo a desfrutar e

ouvir a solidão se torna má

Enquanto um outro contato afável

não se manifestar

Um afeto a entrar em minha vida,

o caminho árido irá continuar

No fundo carnoso é lamentável,

porém compreensível

Conheço em parte o meu universo

que já é um fato incrível

Moraes IV
Enviado por Moraes IV em 26/03/2016
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