Preenchendo o vazio
É gélido, as correntes frias batem
nas paredes distantes
Fatigam meu corpo esses fluxos
de pesares cortantes
Não há uma mísera luz, mas não
tenho medo da escuridão
Já não é um ambiente estranho,
apesar da sua imensidão
O vasto e demasiado vazio por
tempos foi imaculado
Em trechos da vida a lacuna, este
oco áspero, foi ignorado
A última excitação do meu mundo
já se faz um bom período
De natureza efêmera e
perturbadora, foi bem vívido
Ao acordar vejo que não temos
mais o tempo que passou
Saudoso Renato Russo, pano de
fundo para mim que amou
Com essa taça de vinho saúdo um
brinde a minha pessoa
Canções de Iglesias, mesmo em
meio ao breu propicia que eu voa
A tocante tristeza ganha outra
face ao ser banhada em vinho
Ela se torna interessante, estímulo
à arte poética, eis divino
Tenho saudades daqueles lábios
de pêssego tão apetecíveis
Só de devanear atiça minha libido
por serem irresistíveis
Contento-me com os impulsos
íntimos em estado de sobejo
Presentes em fortes memórias
resultando em um doce desejo
Este vazio, o vinho e a boa música
é a única realidade que há
Na ausência de algo a desfrutar e
ouvir a solidão se torna má
Enquanto um outro contato afável
não se manifestar
Um afeto a entrar em minha vida,
o caminho árido irá continuar
No fundo carnoso é lamentável,
porém compreensível
Conheço em parte o meu universo
que já é um fato incrível