Ser Poeta
Desencantar-se com a vida
Decepcionar-se com as pessoas,
É praxe do poeta.
Sentir falta sem despedida
Quando um verso destoa
Em uma rima concreta.
Fazer de análise, a tristeza,
Dando forma ao abstrato
Em linhas negras sem clareza,
Que sujeitam o sujeito inapto.
Encontrar nos desencontros,
Escrever o que não se escreve,
Trovar dolorosos confrontos
Com sentimento que não serve.
Para compreender a realidade
Libertar do engodo da ilusão
Entender o que diz a verdade
Mesmo que machuque o coração.
Pior que ilusões, expectativas
Cruéis grilhões deixam cativas
Sem menções às cores vivas
Somos peões, cores passivas
Bilhões de almas depressivas.
E na estrada da vida
Onde a encruzilhada é destino
Sapiência testemunha vem ida
Poeta deixa de ser menino.
10 – Abril – 2016