O espelho e a moléstia

Distante dos fatos que moldam o

cenário, especular é a solução

Com o rigor da lógica, atentando aos

erros para alcançar a conclusão

De fácil conhecimento que já

previra antes no que tendia resultar

Afirmação de que há muito tempo voltei

ao exílio sem enxergar

Algemado com o aço dos amores

estimulando a doce ilusão

Talvez eu percebia, mas ignorava

mergulhado ingenuamente na emoção

Hoje a vejo em outra aventura que

a medida do tempo fui desconfiar

Mas de forma que não entendo, precisei

da palavra final para a aceitar

Racionalmente eu já entendia em

pleno o que estava acontecendo

Porém, meu corpo se encontrava às

escuras diante deste evento

Coração em disparada, o sangue em

um fluxo perturbador

Frenesi em demasia que reviveu épocas

delicadas na tirania da dor

O mais cômico deste devaneio é o

fato de um espelho me entristecer

Logo um objeto clássico e referto de

fantasias que o faz engrandecer

Este único maldito mostra-me uma

beleza que eu repudio

Pois não me pertence, e nem a vejo,

sou desprovido e vadio

De frente desta anomalia volto

meu olhar para o interior

O amargo sabor da solidão que

cessou lentamente o amor

Restando apenas a nostalgia de

uma linda música ao tocar

Lembranças eternas que nunca

voltarão a se materializar

Agora, nessa fatia do tempo choro

copiosamente

Lágrimas de vinho banharam meu rosto

complemente

Desfrutar da tristeza é o modo para

não perder a consciência

E observar que tudo é compreensível sob

o estado de paciência

Moraes IV
Enviado por Moraes IV em 14/05/2016
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