TRISTEZA QUE NÃO DÓI

Estou triste, Mas não da tristeza que dá na depressão,
Minha tristeza é da tristeza dos dias,


Das tristezas pendulares - aquelas que vem e que vão...
É a tristeza que dá vontade de ficar dormindo a tarde inteira;


A tristeza da solidão - Entre os outroras que nos abate,
Nas mesmices, nos tédios e nas rotinas.


Essa minha tristeza é coisa de menina,
Pura frescura para mimar o ego inflado.


Minha tristeza é de autoajuda,
Não de divã;

É um dia de meditação
Como se considerasse sabático;

 
Tristeza de não ler um livro,
De não ir para o computador,
 
Tristeza de assistir TV
E se encher de doces de tudo quanto “é cor”;
 
Não é tristeza de saudade,
Não é tristeza de amor.
 
A minha tristeza tem prazo de validade,
Basta uma boa comédia romântica ou um filme de terror.
 
A minha tristeza, hoje,

É a tristeza dos símios,
Caracteristicamente tristes;


Essa minha tristeza de hoje,

Não precisa de remédios ordinários para mascarar a honestidade;
Nem de mulheres mercenárias que nos dão mais saudades;


Se vocês me virem com essa cara de doente,
É porque não comi nada ainda;


Acordei num sábado de manhã,
Imaginando ser madrugada de quinta.

Pois, então, meus velhos amigos,

Essa é a minha maldita tristeza, hoje.
Não trocaria nem por uma boa buceta.

 
Agmar Raimundo
Enviado por Agmar Raimundo em 21/01/2017
Reeditado em 21/01/2017
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