Voa, passarinho, e vai-te embora...

Voa, passarinho, vai-te embora

E leva o último sorriso meu

As minhas asas perderam as penas, eu caí

Caí como Ícaro, desejando o céu

Plantei sementes para colher a flor mais bela

Colho somente a dor de um passado sombrio

Onde a ilusão ensaiou suas falas

E agora a dor fecha as cortinas, no palco

Não fui nada além de um espaço vazio

Esqueci meu texto, não tenho personagem

Talvez uma paródia do pierrot mais triste na quarta feira de cinzas

Que perdeu sua Colombina, não para Arlequim

Mas para a desilusão, essa senhora, velha como a noite e fria como o cabo do punhal

Voa, passarinho, vai-te embora

Não me olhas, tenho vergonha

Da dor que emano

Do choro que verto

E do amor que ainda sinto...