UM ESTRANHO NA VIDA
Eu posso escrever a elegia mais triste
Que a brisa fria da noite me inspirar,
Mas a noite está tão clara e estrelada,
Que ouço ao longe a Lua cheia cantar,
Cheia de todo o romantismo que existe
No céu, no mar e na paisagem orvalhada.
Em noites como esta estendo os braços
Do pensamento e abraço o céu infinito,
E sinto que ainda não perdi a ternura,
Mesmo com o coração em pedaços,
Nem o brilho sereno do largo sorriso,
Apesar de todo o veneno da desventura.
Porque nas noites que passo em claro
Com a alma quebrantada e perdida,
Os versos caem do céu como o orvalho
Cai sobre o cenário triste da solidão,
E esqueço então que sou um estranho na vida
Quando os versos se fazem poesia no coração.